quinta-feira, 29 de setembro de 2011

ROCOCÓ NO BRASIL: O "ESTILO D. JOÃO VI"

LUIS FELIPE GARCIA


O estilo rococó que surgiu na Europa no século XVIII, teve como seu principal precursor a França, se espalhou por vários países do Velho Mundo e alcançou as regiões das Américas, assim como o Brasil. Muitos historiadores da arte dizem que o rococó pode ser considerado uma seqüência ao estilo do barroco, em que vários artistas passaram a utilizar a função decorativa que a arte poderia ter. O nome vem do Francês rocaille, que significa concha, um dos elementos decorativos mais característicos desse estilo, não somente na arquitetura, mas também presente nas manifestações ornamentais e nos adereços.
Ao analisarem o estilo do rococó, dizem existir uma alegria na decoração carregada, na teatralidade, na refinada artificialidade dos detalhes, mas sem conter a dramaticidade pesada nem a religiosidade do barroco. Dizem que se tenta por esse exagero, comemorar a alegria de viver, um espírito que se reflete inclusive nas obras sacras em que o amor de Deus pelo homem se faz bem presente de forma leve. Tudo de maneira geral é mais leve, como a despreocupada vida nas grandes cortes.   
A substituição das cores vibrantes do barroco por tons rosa, verde-claro, estabelecem uma primeira diferenciação entre os dois estilos. Além de que o rococó apresenta sua originalidade no abandono das linhas retorcidas e pela utilização de linhas em formas mais leves e delicadas. Essa transformação indicava o interesse burguês em alcançar o prazer e a graciosidade através das várias obras no período realizadas.
Mas e no Brasil? O Rococó esteve presente?
No Brasil, o rococó teve sua presença no mobiliário do século XVIII e foi corriqueiramente chamado de “estilo Dom João V”. A arquitetura religiosa rococó foi de fraco desenvolvimento na França, porém com maior expressão na região da Baviera, na zona portuguesa do Minho e logo depois no Brasil. Nessas regiões o estilo sofreu influência do barroco italiano e das tradições autóctones, o que lhes deu grande originalidade. Especificamente no Brasil, observa-se a forte presença do rococó na arquitetura religiosa desde meados do século XVIII no Rio de Janeiro, em diversas cidades mineiras (como Ouro Preto, São João Del Rey, Congonhas do Campo etc.), em Pernambuco, Paraíba e Belém.
Na escultura de madeira e de pedra-sabão, na pintura mural e na arquitetura, os principais nomes do rococó brasileiro são José Pereira Arouca, Francisco Xavier de Brito, Manuel da Costa Ataíde e António Francisco Lisboa, o Aleijadinho.

O estilo rococó no Rio de Janeiro

O Rio de Janeiro colonial sobrevive em meio ao Centro. A melhor representação desse período está no quadrilátero cujos vértices são o Outeiro da Glória, o Morro de São Bento e o que restou dos morros do Castelo e de Santo Antônio. Na região há um conjunto de vinte igrejas tombadas por seu inestimável valor histórico, verdadeiras relíquias da arquitetura do século XVIII.
O rococó chegou ao Rio na segunda metade do século XVIII, na época em que a cidade virava sede da colônia, e por isso foi mais difundido. Começou na França como decoração de interior de residências. Enquanto o barroco se caracteriza pela densidade e pela intensidade, o rococó é leve e iluminado. Na esquina da Avenida Marechal Floriano com a Rua Miguel Couto, a Igreja de Santa Rita foi a primeira a adotar o estilo, realizado entre 1753 e 1759. Ao contrário de outras construções do período, ela não sofreu acréscimos no fim do século XIX.





Na Igreja de Santa Rita, no Centro, o dourado recobre florais, conchas do mar e desenhos assimétricos. Explora também o contraste entre cheio e vazio, com amplos fundos brancos. Seguindo um estilo de decoração de interiores, conhecido também como Luís XV, por sua leveza e por ser agradável ao olhar.












Detalhes: a lateral do altar rococó e parte da pintura do teto da Igreja de Nossa Senhora Mãe dos Homens.





Fonte: Dicionário Oxford de Arte. 2.ed, São Paulo: Martins Fontes, 2001. La Nuova enciclopedia dell'arte Garzanti. Milano: Garzanti Editore, 1986, 1112 p. il. p&b. color. Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira. O rococó religioso no Brasil e seus antecedentes europeus. São Paulo: Cosac & Naif, 2003, 343p.il. p&b. Barroco e Rococó nas Igrejas do Rio de J aneiro, Myriam Andrade Ribeiro de Oliveira e Fátima Justiniano, Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan). Wikipédia, a enciclopédia livre. Starnews2001: www.starnews2001.com.br. Brasil Escola: www.brasilescola.com.

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