domingo, 25 de setembro de 2011

AGONIA E ÊXTASE

DANIELA FERNANDA FERREIRA

Assista ao filme "Agonia e Êxtase" e faça uma análise das principais características da obra de Michelangelo a partir da frase: “Afirmo que a pintura fica melhor à medida que se aproxima do relevo, e o relevo fica pior à medida que se aproxima da pintura.”

A história do filme retrata o constante conflito entre o papa Julio II (1443-1513) e Michelangelo Buonarroti (1475-1564).
O papa Julio II, admirador das artes, reconhecia o grande talento de Michelangelo, mas estabeleceu-se uma relação tempestuosa entre os dois porque ambos eram donos de uma personalidade bastante forte.
Apesar de relutar, Michelangelo sempre acabava se submetendo às vontades do papa, pois era um homem religioso e o reconhecia como um santo e autoridade máxima.
O papa Júlio II era bastante rígido com Michelangelo. Ficava sem o pagar por meses e não o permitia tocar em assuntos financeiros, considerando uma falta de respeito.
Um dependia do outro. Michelangelo para ter serviço, pois o papa era praticamente o seu mecenas. E o papa para ter os monumentos feitos por Michelangelo.
Essa relação de dependência só era complexa porque a arte não é como matemática ou qualquer outra ciência exata, ela precisava ser inspirada, e inspirada pelo artista que a executaria.
Michelangelo conhecia bem das técnicas dos afrescos, mas o que ele realmente gostava era de esculpir. Havia planejado fazer quarenta monumentos dos personagens bíblicos para a tumba do papa, nesta época ele já havia feito “David”, que levara quatro anos para ficar pronta. Fazendo-se os cálculos por esta obra, estimavam que ele levaria 160 anos para terminar a tumba, como se tornaria uma obra inacabada, o papa desistiu da tumba e, em 1508, deu-lhe a incumbência de pintar o teto da Capela Sistina da Basílica de São Pedro, em Roma. Michelangelo detestou a idéia.
Quando começou a obra do teto ele estava completamente contrariado, acabou destruindo o que tinha iniciado e fugindo, interrompendo a obra por algum tempo, mas, logo alcançou inspiração lembrando-se de passagens bíblicas. Retornou e mostrou sua idéia ao papa que achou muito mais grandiosa que a idéia original.
A obra foi concebida como uma composição única que apresenta cenas do Antigo Testamento, como A criação de Adão, A expulsão do paraíso e O dilúvio. Nela também encontramos sibilas e profetas do Antigo Testamento, que profetizaram a vinda de Cristo. Anos mais tarde o profeta Joel inspirou a obra O Último Julgamento, realizada de 1534 e 1541, na janela do altar da capela Sistina.
Espantosamente original na concepção e na execução, a obra atesta a fé religiosa de Michelangelo, expressa por uma profunda reverência pela Antiguidade Clássica. Essas duas forças inspiram os artistas da Alta Renascença, os quais alcançaram extraordinários picos de realização.
Michelangelo pintou o teto sozinho, em pouco mais de quatro anos, desenvolvendo seu estilo enquanto trabalhava. Ele finalizou a obra em 1512 com 37 anos e em 1547 foi indicado como o arquiteto oficial da Basílica de São Pedro no Vaticano.
Acredito que essa famosa frase, dita por Michelangelo, reflete sua preferência por esculpir, pois, é visível nesta obra a transposição da sua linguagem de escultor para a de pintor. A composição é monumental, as figuras humanas são ressaltadas em seus contornos e volume escultural, enquanto as paisagens são tratadas com menos importância. A maioria das figuras no teto foi concebida como esculturas, e muitas poses se baseiam em famosas esculturas gregas e romanas, que Michelangelo estudava. Um exemplo são as mãos “esculpidas” de “A criação de Adão”, que sintetizam seus estudos da forma humana, e são exemplos perfeitos da escultura idealizada da Antiguidade clássica.
E acredito também que reflete a valorização da técnica da perspectiva predominante no Renascimento.

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