quinta-feira, 6 de outubro de 2011

PERSPECTIVA NA ARTE RENASCENTISTA

 NAIARA LIMA


1 PERSPECTIVA NA ARTE RENASCENTISTA


O movimento denominado de Renascimento pode ser contextualizado como a retomada de valores deixados de lados por um longo período.
Conti (1991, p. 3) diz que “este movimento, embora bastante complexo e variado internamente, estabeleceu princípios, métodos e, sobre tudo, formas originais e típicas, mas, ao mesmo tempo, comuns”.
Ainda de acordo com Conti (1991, p. 3):

Tais formas provêm de duas fontes principais: a reutilização, após um intervalo de quase um milênio, das formas características da arte clássica, ou seja, a arte grega e a arte romana; e, ao mesmo tempo, a aplicação de uma nova descoberta técnica: a perspectiva, aquele conjunto de regras de desenho e matemáticas que permitem reproduzir sobre uma folha de papel (ou sobre qualquer outra superfície plana), com exatidão científica, o aspecto real dos objetos.

O significado da palavra perspectiva poderia ser resumido em ponto de vista, isto é, algo esboçado a partir do simples fato da observação.
Vilasaló (1994, p. 7), diz que:

[...] o perigo está em que esse bom entusiasta – talvez você mesmo – fique obcecado com a perspectiva e não seja capaz de pintar sem primeiro desenhar com régua, esquadro, esquadria e o conjunto de compassos, a situação e a convergência exata das linhas que se dirigem para os pontos de fuga e para a linha de horizonte.

Tendo em vista os conceitos citados é possível afirmar que a Perspectiva passou a ser um meio técnico fundamental, muito utilizado no Renascimento e que, também, proporcionou novas expectativas à arquitetura, tanto é que o famoso arquiteto Filippo Brunelleschi é considerado como o inventor da perspectiva.


1.1 PERSPECTIVA GRÁFICA


A perspectiva gráfica é um sistema geométrico que permite representar um objeto tridimensional sobre uma superfície plana, uma vez estabelecido o ponto de observação (ponto de fuga). Na perspectiva, o ponto de fuga pode ficar na linha do horizonte, acima ou abaixo dela e todas as linhas de fuga concentram para ele, vendo-se o objeto cada vez menor, porém com proporcionalidade.


1.1.1 Perspectiva atmosférica


Na perspectiva atmosférica trabalha-se com variações entre luz e cor de forma a criar uma sensação de profundidade. Os elementos que estão mais próximos ao observador são pintados com maior nitidez, usando-se cores quentes, já os objetos mais distantes são representados usando cores frias, estes geralmente pintados com tons semelhantes ao fundo, o que dá uma idéia de profundidade (uma vez que os tons quase chegam a tonalidade do plano de fundo). Todos os elementos juntamente com a iluminação é o que define a perspectiva.


1.1.2 Ponto de fuga


O ponto que está localizado na linha do horizonte, para onde todas as linhas paralelas se dirigem. Alguns tipos de perspectivas possuem mais de um ponto de fuga, estes podem estar localizados na linha do horizonte ou na linha vertical do ponto de vista.


1.1.3 Linha do horizonte


É uma linha imaginaria que se encontra sempre diante de nós, à altura dos nossos olhos, olhando em frente. Também é um elemento da construção em perspectiva, numa paisagem é a linha do horizonte que separa o céu e a terra.


1.1.4 Linhas de fuga


São as linhas imaginárias que descrevem o efeito da perspectiva convergindo para o ponto de fuga. É o afunilamento dessas linhas em direção ao ponto de fuga que geram a sensação visual de profundidade das faces.


1.1.5 Algumas pinturas

Figura 1 - A Virgem nas rochas, Leonardo da Vinci
É um bom exemplo de perspectiva atmosférica, vemos como são usadas as variações de cores para dar a sensação de profundidade.

Figura 2A Trindade,
Masaccio

Esta é considerada a primeira pintura com recursos da perspectiva. O ponto de fuga se encontra aos pés de Cristo, assim todas as linhas de fuga se dirigem a ele.





Figura 3 – A última ceia de Leonardo Da Vinci

Nesta bela obra de Da Vinci, o Ponto de Fuga fixa-se sob a cabeça de Cristo. Pode-se, também, observar a Linha do Horizonte (em vermelho) que constrói a sensação da perspectiva e, ainda, as Linhas de Fuga (em preto) que convergem ao ponto de fuga provocando sensação visual de profundidade das faces trabalhadas na arte.

 

CONCLUSÃO

Após a análise dos conceitos presentes neste artigo é possível afirmar que a perspectiva, foi diretamente focalizada no Renascimento onde grandes artistas (como Leonardo da Vinci, por exemplo) exploraram arduamente variações deste método.
Também é importante lembrar que trata-se de um meio técnico que proporcionou grandes resultados na Arquitetura Renascentista, sendo utilizado até hoje em representações de estudos e desenvolvimento de projetos arquitetônicos.
Contudo, conclui-se que o uso da perspectiva requer atenção quanto às suas características (ponto de fuga, linhas de fuga, linha do horizonte e profundidade) que, uma vez observadas, poderão resultar em um projeto eficaz mostrando uma gama extraordinária de detalhes.

 
 
REFERÊNCIAS


CONTI, F. Como reconhecer a arte do Renascimento. Tradução de Carmen de Carvalho. Lisboa: Edições 70, 1991. Título do original: Come Riconoscere l´Arte Rinascimentale.


VILASALÓ, J. M. P. A perspectiva na arte. Tradução de Mercês Peixoto. Lisboa: Presença, 1994. Título do original: Perspectiva para artistas.


Perspectiva Atmosférica. Disponível em: <http://3pontosdefuga.blogspot.com/2008/02/perspectiva-atmosferica.html>. Acesso em 15 set. 2011.



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