quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A SUBLIMIDADE DE MONA LISA

LUCAS TASSO ALVAREZ

O século XVI iniciou na Itália com o Renascimento indo de vento em popa. A sociedade já havia adquirido as posições humanistas, hedonistas e racionalistas e, a arte, havia se desprendido da Igreja. Na arquitetura já era possível observar o “retorno” à arquitetura clássica e, na pintura, podia-se ver, pela primeira vez, a perspectiva rigorosa e científica. Os pintores, nessa época haviam desenvolvido a técnica, entretanto não conseguiam se desvencilhar da rigidez em suas figuras. Botticelli tentou amenizar a imobilidade de sua “Vênus” utilizando de cabelos ondulantes e roupagens esvoaçantes, mas somente Leonardo consegue fazer o inesperado e o impossível: cria a Mona Lisa com toda sua contraditoriedade e, o mais notável e importante, com vida. Mas o que, de fato, fez Da Vinci para chegar a esse resultado?
A Mona Lisa, ou La Gioconda, em italiano, começa a ser pintada em 1503 e é terminada quatro anos depois. Dizem que se trata do retrato de uma dama florentina cujo nome era Lisa. Alguns falam que é a representação da mulher de um comerciante conhecido pelo pintor, Francesco del Giocondo. Outros se aventuram a dizer que é seu próprio auto-retrato, na versão feminina. Contudo, se torna quase obsoleto tentar descobrir a identidade de Mona Lisa levando em conta o impacto que ela causa no caráter de pintura na época. Diferente de seus predecessores, Leonardo consegue dar vida a uma pintura. Olhando para a Mona Lisa pode-se realmente dizer que ela é feita de carne e osso.
Várias pessoas atribuem os créditos desse efeito à técnica usada. Da Vinci se utilizou de uma muito conhecida: o sfumato. Ele foi um grande contribuinte para esse estilo de pintura quando descobriu que o verniz utilizado na madeira era compatível com a tinta a óleo, criando um gradiente de cores perfeito e escondendo as marcas das pinceladas.
Algo muito comentado também é que a causa do “realismo” incrustado em cada camada de tinta está fato de Leonardo ser um ótimo observador e um exímio pintor. Ele se utilizou de vários artifícios, como: o esfumaçamento do canto dos olhos e da boca, resultando em uma forma indefinida e enigmática, e o fato de ter pintado cada lado do horizonte de tamanhos diferente (o esquerdo menor que o direito), culminando na impressão do rosto de Lisa se movimentar sempre que muda-se o foco de visão.
Todavia, é absolutamente impossível conseguir fazer o que Leonardo conseguiu na Mona Lisa se utilizando apenas do jeito e da qualidade de criar: é preciso de algo mais, é preciso do que as pessoas chamam de sentimento. Sem sentimento Da Vinci poderia ter feito um ótimo trabalho, mas com absoluta certeza não faria uma Mona Lisa que pulsa o coração de cada visitante que passa pelo Louvre diariamente.



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