ARTEMÍSIA GENTILESCHI

CONSUELO GOMES DE MELO CURY

Nascida em Roma, em 8 de julho de 1593, Artemísia Gentileschi, foi a primeira mulher a se destacar no cenário da arte mundial, marcando época e eternizando-se na história através de sua pintura “auto-biográfica”. Numa época em que a pintura era um mundo exclusivamente masculino, Artemísia rompeu paradigmas e estruturas sociais rígidas para se tornar pioneira no mundo da arte. Era filha de um pintor talentoso Orazio Gentileschi, que dominava muito bem a técnica de claro/escuro, seguindo a linha de Caravaggio, um dos grandes nomes da arte barroca.

Aos dezenove anos, depois de receber os primeiros ensinamentos do seu pai, Artemísia foi entregue à tutela de Agostino Tassi, um amigo de seu genitor. Tassi aproveitou-se da juventude e ingenuidade da jovem pintora e acabou por estupra-la. Esta violação deu origem a um longo, humilhante e penoso processo judicial, a que Artemisia se viu exposta à uma sociedade machista e hipócrita. Casou-se  mais tarde com o florentino Pierantonio Stiattesi e mudou-se para a capital da Toscana.

A obra de Artemísia vai refletir o sentimento deixado pelo trauma que fora vítima e pelo íntimo desejo de vingança. Em seu quadro ”Judite decapitando Holofernes”, Judite é quase um auto-retrato da própria Artemisia: forte, vingativa e convicta. A degolação pode simbolizar a castração que ela certamente queria infligir ao seu abusador. A data de alguns dos seus trabalhos mais elogiados permanece controversa.

A pintora trabalhou arduamente para sustentar a família, visto que o seu marido, que gostava demasiado do jogo, apenas contribuía para que as dívidas se acumulassem.

Durante muito tempo a obra de Artemísia foi injustamente esquecida e, por vezes, atribuída a seu pai.

Hoje o seu reconhecimento é universal e constata-se que a sua obra contém, em muitos casos, um ponto de vista único, feminino e até feminista, extremamente avançado para a sua época.