sábado, 26 de novembro de 2011

“Casa da Cultura de Três Pontas”

Por Luiz Henrique de Sousa Penido

“Introdução”


A cidade de Três Pontas, fortemente colonial, começou a transformar-se na década de 20 recebendo incorporação de novos estilos arquitetônicos em suas construções. Começaram a surgir pela cidade exemplos de Art Nouveau e Art Déco. Infelizmente muitas destas edificações foram demolidas para a construção de outras, sem nenhuma preocupação ou cuidado com a preservação do patrimônio histórico-cultural da cidade.
Foi perante essa perda que se percebeu a necessidade de preservar os poucos exemplos restantes, sobreviventes de um tempo em que Três Pontas passava pelo seu processo de urbanização.
A edificação escolhida para o trabalho localiza-se na Rua Barão da Boa Esperança, construída em meados do século XIX, residência de famílias que foram figuras de importância na paisagem sócio-política da cidade.


(Mapa da localização do casarão na cidade de Três Pontas).


“O Passado”



Foi construída em meados do século XIX e representa o estilo colonial tardio, onde se pode observar maior apuro no tratamento das fachadas e dos vãos.
A edificação possui dois pavimentos e partido arquitetônico disposto em forma de "L", demonstrando uma evolução típica da arquitetura colonial que inicialmente adotava o partido quadrangular nas edificações.
Seu uso, até sua renovação era residencial.

Fachada vista da lateral direita.


No pavimento inferior há um enorme porão, divido em salões. O porão era usado para atividades de apoio da casa, abrigando serviços mais pesados e até guarda temporária de cavalos. Anos depois, as casas que possuíam tal pavimento usavam-no para o comércio.
O pavimento superior era dedicado à moradia, tendo acesso principal pela lateral esquerda da edificação por uma escada em forma de "U"

Além da simetria outra característica da construção é o pé-direito alto.




Fachada vista da lateral direita


O sobrado teve sua ascensão na arquitetura brasileira após a chegada do Rei ao Brasil, tornando-se a morada dos nobres em uma época em que as cidades tomavam o lugar do campo na paisagem brasileira (Sobrados e Mucambos, de Gilberto Freyre).

No Brasil, encontra-se uma variedade de traços renascentistas, maneiristas, barrocos, rococós e neoclássicos nos edifícios coloniais.

As janelas grandiosas usadas em abundância, portas duplas, e a simetria da Casa da Cultura lembram o estilo das Villas Renascentistas.




 Grandes portas duplas com detalhes em vidro enfeitam os interiores do casarão.







A "Arte Nova", movimento vindo da Europa (entre 1890 e 1910), é essencialmente decorativo e voltado ao design e a arquitetura, influenciando também as artes plásticas.

Preocupando-se com a originalidade da forma, explorava novos materiais como ferro e vidro e estilização da natureza: animais, flores e vegetação.

 O Art Nouveau surgiu no Brasil nos primeiros anos da República, com o nome de arte floreal.

 Sendo a Casa da Cultura construída em meados do século XIX, a presença da Art Nouveau encontra-se nos detalhes de grade das varandas e portões, enriquecendo o estilo colonial da construção com suas formas de vinhas, folhas e flores de ferro.

 
“O Presente”

Hoje em dia uma loja e ateliê de artesanato encontram-se em funcionamento no casarão, junto a uma exposição de fotos que reconta a história de Três Pontas e de dois ícones da música brasileira, que cresceram na cidade.





 
Fachada atual, após o tombamento e reforma.


O projeto da Casa da Cultura foi proposto pela prefeitura e a Secretaria de Cultura, Lazer e Turismo, que ficaram responsáveis pela sua renovação e uso.
Hoje, na Casa de Cultura de Três Pontas, encontra-se o histórico da raiz musical da cidade, responsável pelo seu reconhecimento mundial como lar de artistas de renome como Milton Nascimento e Wagner Tiso.
Uma série de displays reconta a história e trajetória dessas duas figuras da música popular brasileira (por meio de fotografias, objetos pessoais, instrumentos, prêmios musicais, vídeos, etc.


Pôster do Festival de Paraíso, que aconteceu em 1977 na cidade, contando com a presença de amigos de Milton Nascimento como Chico Buarque, Fafá de Belém, Gonzaguinha, Francis Hime, Clementina de Jesus e outros demonstra o ambiente extremamente musical em que a cidade se encontrava na época.

 O festival ficou conhecido tanto na mídia quanto pelo povo como o “Woodstock Mineiro”.


Hoje em dia uma loja e ateliê de artesanato encontram-se em funcionamento no casarão, junto a uma exposição de fotos que reconta a história de Três Pontas e de dois ícones da música brasileira, que cresceram na cidade.

Sanfona de Milton Nascimento

Exibição de Milton Nascimento




Chico Buarque no Show do Paraíso (foto casa da Cultura)

Cartaz do conjunto W’s Boys de Alfenas, com Milton Nascimento ao fundo.



O que mais me chamou a atenção ao concluir minhas pesquisas para este trabalho foi a importância da preservação de edificações como esta, que são vestígios de outras épocas na paisagem urbana moderna e que, infelizmente, acabam sendo derrubadas para a construção de novos edifícios sem a menor preocupação com o seu valor histórico-cultural.
A renovação do casarão da Rua Boa Esperança e sua transformação em uma Casa da Cultura é uma garantia da preservação da nossa história musical e arquitetônica - uma homenagem ao Tempo e um presente para as futuras gerações.


“Bibliografia”

· Pesquisa no local.

“Arquivos da Prefeitura de Três Pontas.”

“Dossiê de Tombamento e Laudo de Estado de Conservação.”

“Documentação Cartográfica.”

· Agradecimento à Casa da Cultura pela disponibilização destes documentos.

· Internet:

http://educacao.uol.com.br/artes/art-nouveau.jhtm

http://www.brasilescola.com/historiag/art-nouveau.htm

ÓTIMO TRABALHO LUIZ, DEMONSTROU INTERESSE E ENVOLVIMENTO COM A PESQUISA. PARABÉNS!


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